sábado, outubro 28, 2006

Less than a penny for your thoughts.

Ultimamente houve um aumento considerável no numero de atividades em Waseda. Aparentemente se deve a um evento (ou conjunto de eventos) chamado Waseda-sai, para o qual toda a universidade parece estar se preparando.
Entre alunos entusiasmados entregando folhetos de seus eventos, surgem algumas atividades exogenas ao ambiente universitário que buscam aproveitar os ânimos acalorados.
Uma delas foi uma tenda de livros usados, montada de forma improvisada mas estrategicamente bem colocada em um dos portões de entrada da universidade.
Para minha grande surpresa (e angustia; já explico o porque) cada livro custava nada mais, nada menos que 10 ienes.
Agora.
Para aqueles imaginando quanto 10 ienes são em reais, permitam-me ilustrar a situação com um exemplo antes de fornecer a taxa de cambio.
Imaginem uma banana. Sim, uma banana; rica em vitamina A, potássio e etc...
Tirem a casca e o que vocês tem? Um dos commodities mais comercializados do planeta.
Sim, quantidades colossais de dinheiro são movimentadas todos os dias e economias inteiras dependem da exportação e importação de bananas. Mas tudo tudo isso ocorre em grande escala, apenas uma teria o preço no mercado de.. bem.. preço de banana (perdão pelo trocadilho).
Então seria esse o valor aproximado pago por um dos livros?
Não.
Joguem fora a banana... e fiquem com a casca. E o que se faz com casca de banana? Não muito, logo ela não deve valer lá muita coisa.
Bom.. chega de metáforas. Para ser mais preciso 10 ienes equivalem a pouco menos de 20 centavos de acordo com a taxa de cambio de hoje.
Isso mesmo; centenas de livros ao alcance dos meus dedos, por míseros 20 centavos cada, e todos...em Japonês.
Quem me conhece deve conseguir imaginar o meu desespero nessa situação.
Um texto em alemão por exemplo eu poderia ler, a passos de tartaruga, utilizando um dicionário.
Mas em japones! Em japonês a coisa toda esta em kanjis... e se você não sabe os kanjis não tem conversa meu amigo.
Achar cada um dos kanjis em um dicionário, mesmo eletrônico, levaria mais tempo do que alguns físicos prevêem que o universo vai durar.
As senhoras perceberam a meu desapontamento e, mesmo não tendo comprado nada, elas me deram um dos presentes da tenda. Um vale de 100 ienes para comprar coisas nas Lojas de conveniência mais próxima.
Bom, fica para a próxima... talvez com mais alguns anos de estudos. :)

terça-feira, outubro 24, 2006

Apenas uma nota cultural.

Assim como muitos países do mundo o Japão possui, dentro de sua língua pátria, um sem numero de dialetos. A variação mais famosa do japonês falado em Tóquio, tido como o japones padrão, é o Kansai-ben.
O Kansai-ben é na verdade um conjunto de dialetos da região de Kansai no Japão (região na qual ficam Osaka, Nara, Kyoto...) e um erro muito comum é associar qualquer dialeto de Kansai especificamente ao Japonês de Osaka.
Os motivos históricos para isso são vários e deixo aos curiosos o link (em inglês) com um tópico da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Osaka_dialect

De qualquer forma... a introdução acima foi necessária para contextualizar uma situação peculiar que presenciei um dia desses.
Dentro do elevador, rumo ao terceiro andar de um dos prédios em Waseda nos quais tenho aulas, entram duas pessoas: uma norte-americana e um Japonês.
A norte-americana parece ter uma duvida a respeito de determinada palavra em japonês (palavra que no momento nao me vem a memória) e pergunta ao amigo:

"Não lembro o significado dessa palavra, você sabe qual é?"
"Sim... isso significa tal coisa." Responde o japonês.
"Ee... você tem certeza?"
Ao que o japonês retruca indignado.
"Claro que eu tenho certeza! Eu sou japonês, oras!"
No que a moça responde.
"Sim. Mas você é de Osaka!"

Pude ainda ouvir os dois discutindo acaloradamente enquanto saia do elevador. Ela pondo em cheque os conhecimentos de japonês do amigo, e ele tentando provar que o dialeto de Osaka é diferente mas ainda assim é japonês.

terça-feira, outubro 17, 2006

Tokyo Tower!

Eu havia planejado ir visitar a famosa torre de Tóquio nesse fim de semana, mas infelizmente o tempo estava nublado, o que impossibilitaria uma boa vista do alto da torre.
Decidi então adiar a visita para o fim de semana seguinte, e usar minha segunda-feira para por em ordem alguns documentos, devolver livros na biblioteca e tratar de outros assuntos burocraticos.
Falando em burocracia... durante as orientações dos primeiros dias na faculdade, todos nos fizemos o requerimento para a abertura de conta no banco Mizuho aqui em Tóquio. É importante ter uma conta tanto para efetuar pagamentos quanto para receber bolsas (que é o meu caso :). Isso foi por volta do dia 25 de setembro.
Fui receber meu "Pass Book" do banco, contendo meu numero de conta e informações, apenas no dia 13 de outubro!
Até ai tudo bem... afinal, eu só receberei o dinheiro da bolsa no fim desse mês. O que quase me deu um ataque cardíaco foi descobrir, chegando segunda-feira na faculdade, que era a data limite para passar as informações para o departamento de apoio financeiro. Se não o fizesse em tempo eu só receberia o dinheiro da bolsa em novembro!
Provavelmente teria que me mudar para um banco de praça, e caçar corvos como fonte de alimento (Aqui em Tóquio há corvos como em campinas há pombas, e eles são tão grandes que eu poderia convidar um amigo para o banquete :) .
De qualquer maneira, consegui entregar as informações da bolsa, consegui devolver os livros e consegui pegar a minha carteira de extrangeiro (sim, estou esperando por ela há semanas, tive que ir pessoalmente no escritório municipal retira-la e sim, era o ultimo dia para faze-lo).
Quem me conhece sabe como sou metódico com esse tipo de coisa. Para eu quase perder essas datas pode-se imaginar como algumas organizacoes daqui (em alguns aspectos) podem ser ineficientes... apesar de toda a burocracia (ou por causa dela:).
Apesar de tudo, terminei o que precisava fazer antes do meio dia. E como o céu estava completamente azul resolvi aproveitar o resto do dia para visitar a torre de Tóquio como havia planejado para o fim de semana.
Pegando a linha Yamanote, eu desci na estação Hamamatsucho, que fica a uns 15 minutos a pé da torre. Após algumas dificuldades para encontrar o oeste pelo meu parco mapa turístico me coloquei a caminho.

Após alguns minutos pude avistar a torre ao longe.
Esse passeio veio com um bônus; entre a estação e a torre tem um templo budista belíssimo, do qual tirei varias fotos.


Aproveitei a calma do lugar para comer o lanche que eu havia trazido do dormitório, e para tirar mais algumas fotos antes de seguir em frente.











A torre é dividida em três partes:
- o térreo, que tem um minishopping com três andares;
- o observatório principal; que fica quase no meio do caminho entre o chão e os 333 metros da torre (custo:800 Ienes)
- o observatório especial; que se encontra a agradáveis 250 metros do chão de Tóquio. (custo extra: 600 Ienes)
Reza a lenda que em dias de tempo bom é possível enxergar o monte Fuji dos observatórios. Eu estava empolgado para verificar a veracidade do fato mas descobri que "tempo bom" não é apenas "céu sem nuvens" mas também "pouca poluição".
Não pude ver o monte fuji diretamente... apenas por algumas imagens no local, tiradas quando os céus estavam bem limpos.


Esperei então até o por do sol... tanto pela beleza do momento quanto pelo caminho que o sol estava fazendo.
Por que pelo caminho? Bem...por que pelo trajeto que ele estava fazendo no céu, acabaria caindo bem perto do monte Fuji de acordo com os mapas! Então talvez eu pudesse pelo menos ver o contorno do Fuji-san sobre o sol poente... poético não? :) Quase tive sucesso. O sol se pôs a poucos graus de distancia do pico do monte, e todos no observatório assistiram admirados os contornos das elevações menores em torno do Fuji.
Já escurecendo, tirei mais uma foto da torre de Tóquio com suas luzes acesas.

sábado, outubro 14, 2006

Shake it!

De terça a sexta eu tenho em Waseda aulas de japonês, que começam as 9 horas e vão até meio dia.
Como moro em Koenji, e tenho que pegar o metro toda vez que preciso ir a faculdade, levo cerca de 1 hora (um pouco menos) da porta do dormitório até a sala de aula. Posto que acordar, tomar banho, preparar café, tomar café, preparar meu almoço (sai mais barato do que comer por lá :) e me arrumar leva cerca de 1 hora e pouco; durante a semana eu costumo acordar 6 e meia da manha.
Embora não tenha aula de sábado, é difícil acordar muito mais tarde que isso pois já estou acostumado com o ritmo da semana (Domingo é outra historia :). Hoje, mesmo sem despertador, 6 e meia eu já estava acordado.
Resolvi "embromar" um pouco na cama, e já estava me deliciando com a idéia de desligar o despertador que havia regulado para as 8 quando minha cama começou a balançar de uma lado para o outro.
Meu primeiro pensamento: "Será que estão dando uma festa no quarto do lado?"
Meu cérebro, ainda entorpecido pelo sono, rapidamente descartou tal hipótese pois do outro lado da parede junto a minha cama fica o banheiro ( o que constituiria uma festa não muito usual... já ouvi falar de festas a fantasia, festas do cabide, festas bregas, festas do pijama; mas festa do banheiro é algo que minha mente relutava em aceitar... enfim).
Segundo pensamento: "Um terremoto!"
Mas antes de chegar ao ponto de exclamação da frase acima o leve tremor havia passado. Olhei no relógio: "6:41"
Digo leve pois se eu não estivesse acordado provavelmente não o teria percebido.
Depois de levantar, tomar banho e tomar meu usual café da manha de sucrilhos, entrei na internet a procura do terremoto que eu havia experimentado, e encontrei essa noticia de primeira:

http://rawstory.com/news/2006/Earthquake_shakes_Tokyo_10132006.html

Fiz questão de procurar alguma confirmação pois meu subconsciente ainda não havia descartado completamente a festa do banheiro.
Parece não haver muitas noticias ainda, o terremoto foi de 5 pontos o que parece ser muito comum. De qualquer forma olhei pela janela só por garantia e o mundo parece inteiro...a primeira vista. :)

sábado, outubro 07, 2006

Jimbouchou!

Hoje aproveitei o sábado pra passear em Jimbouchou; que é um lugar com centenas de lojas de livros sendo que varias das lojas tem muitos andares repletos dos livros mais variados.


Obviamente só pude visitar poucas lojas.

A maioria absoluta dos livros são em japonês, mas procurando bastante da pra encontrar alguns exemplares em inglês. Ou até algumas lojas que possuem um andar só com literatura em língua inglesa.
Não comprei nada. :) Mas foi bem interessante.












Ah, só fechando o tópico com uma curiosidade na frente da qual eu passo todos os dias.

É um estacionamento que fica em Koenji e , como não há muito espaço, o jeito é "engavetar" os carros usando um elevador. :D

sexta-feira, outubro 06, 2006

雨が降るでしょう!

Troquei de matéria! No lugar da muito mal quista "International economics" eu vou fazer "Transnational business Enterprises" cujo professor é um australiano muito comedia e cada aula é um show. Parece que as matérias extras serão muito legais.
Com relação ao japonês, conversei com a professora a respeito de mudar para um nível menor, especialmente devido ao meu mal desenpenho no teste para verificação de nível. Ela abriu um caderno de notas, procurou por alguns instantes e logo depois disse: "Está tudo bem, pelo seu teste você tem pontuação para ficar nesse nível mesmo."
E agora eu estou confuso, em especial com relação ao método de avaliação que eles estão usando. Afinal, a sensação que eu tive nas ultimas aulas foi como se eu estivesse a todo instante tentando converter graus Fahrenheit para kelvin de cabeça durante um passeio de montanha russa!
Mudando o rumo da prosa; finalmente comprei um computador e uma câmera digital.
Infelizmente não estou podendo tirar muitas fotos pois nos últimos dias tem caido um mundo de chuva com ventos destruidores de guarda-chuvas.
Espero que o tempo melhore no fim de semana e eu possa visitar alguns lugares legais em Tóquio.

terça-feira, outubro 03, 2006

E começam as aulas!

Ontem tive a minha primeira aula em Waseda, o nome da matéria é "International Economics". O programa no qual estou matriculado (SILS - School of International Liberal Studies) disponibiliza todas as matérias em inglês, o que me deixou muito aliviado desde o inicio. :)
Entretanto, em vários momentos durante a aula, e apesar de meus parcos conhecimentos de japonês, eu desejei que o professor falasse em sua língua pátria.
Tive muitas dificuldades de entender o inglês que ele tentava falar. O que me lembra de uma frase de uma das minhas professoras de japonês: "Quando forem falar com um japonês, mesmo com o pouco de japonês que vocês sabem, falem em japones!"
Ela dizia isso pois sabia que a maioria dos japoneses, embora leia e até escreva em inglês, o falam muito mal. Coisa que confirmei pessoalmente.
Já hoje tive duas aulas; de manha tive minhas primeiras aulas de japonês, e a tarde uma outra matéria também do SILS chamada "War and Peace". A ultima parece ser bem interessante, analisando as relações internacionais e motivações por trás das animosidades entre os Estados do mundo.
Com relação ao Japonês, estou um tanto assustado. Na primeira aula já tivemos um teste (o qual eu mal consegui terminar a tempo), e para a aula seguinte teremos outro teste com conteúdo novo passado no fim dessa aula.
Entrei no nível 3 de 6 possíveis níveis para os alunos do SILS ao fazer um teste classificatorio na semana passada. Entretanto, penso seriamente em pedir transferência para o nível 2, cujo conteúdo condiz melhor com uma continuação do curso que fiz na Unicamp.
Alias, penso em cancelar minha matricula em International Economics. Mas antes preciso encontrar outra para colocar em seu lugar.
Ainda não comprei a bendita câmera fotográfica para preencher esse blog com mais do que palavras. Entretanto, já tenho varias fotos em minha maquina a filme apenas esperando serem reveladas. :) Coisa que farei assim que comprar a maquina digital.