sexta-feira, janeiro 12, 2007

De um a dez: com uma mão amarrada nas costas.

A última semana de aula do ano passado foi bem conturbada. Pouco antes do feriado de natal e do ano novo, todos os alunos estavam ávidos por terminar todas as provas e entregar todos os trabalhos para poderem finalmente desfrutar do efêmero prazer de não ter nada para fazer.

Como parte da Avaliação Final de uma de minhas matérias, nos fomos organizados em grupos de 5 e incumbidos da missão de realizar um Case Study, que deveria ser entregue na forma de um relatório, a respeito de uma Indústria especifica.

A seleção dos membros dos grupos foi inteiramente feita pelo professor de modo que há alguns meses, em uma das aulas, ele enumerou os vários grupos e nos informou de qual nós faríamos parte.

Bom, voltando ao último dia de aula antes das ferias de inverno; Case Study pronto, relatório impresso, uma tumultuada sala com quase 60 alunos a espera do momento de entregar o resultado de meses de pesquisa.

O professor resolve então chamar pelo numero de cada grupo.

Desespero.

"Qual era o nosso número mesmo?" Era a pergunta que ecoava por toda a sala em Chinês, Inglês, Japonês, Coreano, Alemão e mais um punhado de línguas das quais nem imagino o nome.

Nosso grupo não era exceção. Como estávamos em pontos separados da sala tentávamos vencer a avalanche de gritos nos mais diversos idiomas com o uso de leitura labial e pantomimas, sem muito sucesso.

Foi então que uma das garotas do meu grupo, que se encontrava a algumas mesas de distância, nos fez um sinal com as mãos; uma mão o punho fechado, a outra com o dedão e o mindinho em riste.



O engraçado não foi tanto o inesperado "hang loose", mas sim eu ter entendido que ela estava sugerindo o número 16.

Levei alguns segundos para descobrir em qual canto obscuro da minha memória residia a associação do sinal acima com dezesseis. Me lembrei então de que, há muitos anos, eu assisti um documentário de um daqueles canais do Discovery Channel - Discovery Travel provavelmente - no qual uma "mochileira" visita diversos lugares fascinantes da China.

Um dos problemas que ela apontava era que sempre que aprendia algumas palavras essenciais como "comida" ou "banheiro" em um lugar, assim que mudava de vilarejo ou viajava alguns quilômetros de trem o recém adquirido vocabulário se revelava completamente inútil.

Isso ocorria pois, mesmo com a definição do "Mandarin Padrão" como a língua oficial, o Chinês possui algo em torno de 6 e 12 grupos regionais que possuem dialetos tão diferentes a ponto de serem completamente incompreensíveis uns para os outros.

No entanto, um ponto que ela achou digno de nota - com o que o meu sub-consciente parece ter concordado - foi o fato de que a contagem dos números seguia o mesmo padrão, com pouca ou nenhuma diferença independente da região.

Abaixo vão mais alguns números e seus respectivos sinais,direto da Wikipedia:







2 comentários:

Aristóteles Nogueira Filho disse...

sensacional!!!
acho q eu no seu lugar teria gritado:
"que porra é essa?"

Abraços!

Anônimo disse...

Já eu imagino outra interpretacao. No mínimo a garota associou sua imagem de brasileiro com a de um carioca que curte pegar ondas (aqui já aconteceu isso, os caras sao mto perdidos com relacao ao Brasil). Aí nao pensou duas vezes e mandou ver um Hang-loose e um punho fechado. O que ela quis dizer com isso?

"Aí seu Brasileiro do caramba, ou lembra a droga do número ou vai levar porrada."

hhauuhuahua... zuera klaus, curti mto esse post. Vivendo e aprendendo.

Abracos