quarta-feira, janeiro 31, 2007

Choque cultural.

Vez ou outra escuto alguns colegas da faculdade comentando o quanto os costumes japoneses são diferentes e como é difícil se adaptar aos pequenos detalhes do dia a dia.
Antes de vir para o Japão eu fui avisado por várias pessoas, bem como pelas minhas leituras, a respeito de como o choque cultural costuma afetar nas mais diversas intensidades os que vêm para cá .
Alguns sentem uma tristeza ocasional; falta de casa, falta dos amigos; saudade de como as coisas são no país natal. Desejam voltar logo para casa.
Um outro extremo, mas não raro, é o caso das depressões. Alguns amigos brasileiros que moram aqui anos me contaram terem passado por isso mais de uma vez. Aqui no dormitório mesmo teve um estudante que estava extremamente triste, ao ponto de ao chegar na época do Natal ele decidiu desistir do programa e voltar para casa.
Creio que eu possa me colocar na primeira categoria, mas com pequenas modificações..
A falta dos amigos e da família é sim uma constante mas via de regra eu penso "como seria bom se eles estivessem aqui", e não "quero voltar logo".
Não que eu não sinta saudade do Brasil, pois eu sinto - E há momentos em que Tokyo, com suas incontáveis burocracias e multidões morosamente se deslocando pelas ruas e calçadas, consegue tirar qualquer um do sério - Mas a solução perfeita seria se o Japão fosse um pouquinho mais perto deGreenwich e o Brasil caminhasse alguns fusos para o leste, de modo que visitar a família e os amigos fosse algo possível.
Eu obviamente tomei o cuidado de colocar os dois países perto da Europa. Sabem como é... poder passar as férias por lá não seria nada mal.

Creio que a minha sorte seja o fato de eu ter os hábitos sociais de um eremita. Me dê um computador com acesso a internet e um punhado de livros e eu passo meses no claustro sem o menor problema.
Em contraste, descobri que adoro viajar; adoro caminhadas a lugares ermos, conhecer lugares novos e aprender coisas diferentes no processo.
Mas esse não é o dia a dia.
O dia a dia é: acordar, tomar banho, tomar café, ir pra estação, pegar o metro, chegar na faculdade, aula...aula...aula, estação, metro, dormitório, jantar, dormir...
Claro que há algumas variações, mas em essência é isso. Mesmo por que a bolsa de estudos não permite nenhum luxo.

Felizmente eu fui agraciado com um completo desinteresse pela vida noturna das grandes cidades, bem como com um desagrado visceral por festas lotadas e barulhentas. O que torna tudo muito mais simples e barato, visto que são justamente essas as coisas que mais doem no bolso no fim do mês.
Me contento em visitar Tokyo e vizinhanças tomando sempre os meios de transportes mais em conta, viajar pelo Japão tomando ônibus noturno ao invés do rápido shinkansen . Usar sempre os fins de semana, férias e feriados para conhecer lugares diferentes, fazer caminhadas em parques nacionais e absorver o máximo dessa experiência única que é morar no Japão.

A partir desse fim de semana eu entro oficialmente em férias, e já tenho uma visita planejada para Nikko, uma cidade um pouco ao norte de Tokyo.
Se tudo der certo, vou junto com o pessoal do dormitório na segunda-feira e prometo trazer várias fotos para cá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Conheco essa historia de algum lguar :-)