domingo, fevereiro 18, 2007

Kyoto

No dia seguinte resolvi visitar Kyoto, que de acordo com a previsão do tempo estaria com céu claro durante todo o dia e apenas parcialmente nublado a noite.
Dessa vez pelo menos a previsão do tempo não me decepcionou, o dia estava realmente perfeito para um passeio.
A dica quente para Kyoto é o passe de um dia (City Bus All-day Pass Adult:¥500/Child:¥250), que vem com o mapa abaixo indicando todos os pontos e linhas de ônibus que podem ser utilizados. Bem como varias informações mais diretas sobre os pontos turísticos.




Notar que Kyoto tem suas ruas organizadas como que em uma grade, o que torna navegar pela cidade algo bem facil.

O passe funciona apenas para o sistema de ônibus. O que foi até bom, pois é mais fácil apreciar a paisagem quando não se esta a 10 metros de baixo da terra num túnel de metro.

Minha primeira parada foi Nijo Castle,




O castelo foi construído por ordem de Tokugawa Ieyasu em torno de 1601. Um dos pontos mais interessantes dele são os seus corredores.
As largas tábuas de madeira antiga foram construídas de forma tal que cada passo sobre elas gera uma serie de ruídos que lembram o canto de pássaros, dando a esses corredores o nome de: "Nightingale floors".
O barulho funciona como um dispositivo de segurança contra invasores ou assassinos silenciosos.
O lugar também tem belos jardins, e é possível tomar aulas de cerimônia do chá pagando cerca de 500 ienes extras.




Minha segunda visita foi a Ginkakuji. Não confundir com Kinkakuji, que é o famoso pavilhão dourado.







Pode-se verificar a estrutura principal ao fundo. Aparentemente a intenção era seguir a idéia do Kinkakuji, e cobrir a estrutura com prata ao invés de ouro.
De qualquer modo, o local possui belos jardins e uma ótima vista.




Mas o ponto forte do passeio em minha opinião foi a caminhada de ginkakuji até Nanzenji Temple. A caminhada passa pelo conhecido "caminho do filosofo", e imagino que seja ainda mais agradável por volta de abril com as cerejeiras em flor.




O caminho segue um curso d'agua por cima do qual pequenas pontes surgem esporadicamente dando acesso a templos, pequenos restaurantes e também algumas casas.

No final do caminho fica Nanzen-ji, com diversos pontos interessantes.



No fundo da foto pode-se ver o gigantesco portão de entrada.

Subindo pela direita, chega-se ao aqueduto, que embora destoe do resto do templo, é uma visita que não se pode deixar de fazer.



Agora, um lugar que muitos deixam passar por ser meio que escondido: passando por baixo do arco do aqueduto, seguindo por sua lateral ( até o ponto em que é possível ver o aqueduto por cima) até encontrar uma entrada meio que a direita em direção a montanha.
Subindo alguns minutos encontra-se Oku-no-in:




Atrás dele fica uma pequenina cachoeira (mais um fio d'agua), além da qual fica uma entrada para uma serie de trilhas pela floresta. Infelizmente eu não tinha tempo suficiente para seguir adiante, então voltei e me dirigi a Kiyomizu-dera.

A visita a Kiyomizu-dera também valeu bem. Estava um pouco cheio, com vários extrangeiros inclusive, mas a vista de Kyoto lá de cima é ótima.




Entrada de Kiyomizu-dera


Vista de Kyoto
Minha ultima visita do dia foi a Fushimi-inari taisha , com seus milhares de torii vermelhos que serpenteiam montanha acima na forma de túneis.



Na foto o começo do trajeto.



O lugar é bem longe de todos os outros, ficando bem ao sul da cidade. O caminho completo leva mais de 2 horas de modo que só tive tempo de passar pelos torii do começo. Mas é definitivamente uma visita importante.

Como já estava escurecendo e uma chuva fina começava a cair, resolvi voltar para a estação de Kyoto, que é ainda mais impressionante que a de Shinjuku.




Não tive tempo devisitar Kinkaku-ji nesse dia, voltei no dia seguinte com o Fábio e aproveitamos para visitar Nara. Vou colocar as fotos no tópico seguinte. :)

O álbum completo com todas as fotos que tirei no dia estão no link a seguir.

Complete album:

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Osaka

Parti da frente da estação de Shinjuku as 23 horas do dia 8, a viagem de onibus noturno levou cerca de 7 horas de modo que cheguei pouco depois das 6 da manha do dia 9 na estação de Osaka.
O problema de chegar muito cedo é que a maioria dos lugares ainda estão fechados, inclusive postos de informações para turistas e vendas de passes especiais.
Aproveitei o tempo livre para tomar café e comer alguma coisa na estação mesmo. Coloquei minha mala maior em um locker e fui direto para o ponto de venda dos passes.

O melhor passe que encontrei foi o chamado "One-day free ticket" que permite o uso ilimitado do sistema de metro, bondes e onibus. Além de tudo, acabei descobrindo que ele também fornece descontos na maioria das atrações turísticas da cidade; do castelo de Osaka ao Aquário em Osakako.
E como surpresas boas nunca são demais, justo de sextas-feiras o ticket cai de seus habituais 800 ienes para algo em torno de 600. O único detalhe ao qual se deve atentar é que o nome desse ticket é ligeiramente diferente do de 800, mas a própria máquina avisa que há uma versão mais barata por ser sexta-feira.

Minha primeira visita foi ao Castelo de Osaka,



O dia estava um tanto encoberto, e a neblina ocultava grande parte da paisagem.




Ainda estou me acostumando com o modo automático da câmera. :)




O castelo em si foi completamente restaurado em 1997, o interior tornou-se um museu com várias apresentações e relatos a respeito de sua historia.

Acima uma simulação com miniaturas de uma das muitas batalhas que ocorreram na região.

Após a visita ao castelo tomei o metro rumo ao aquário de Osaka, um dos maiores aquários do mundo.



Acima a roda gigante, ao lado da entrada do aquário.

O preço da entrada é um pouco alto; 2000 ienes (1900 ienes com o "One day pass"). MAs definitivamente vale a pena.




O lugar é realmente gigantesco. Com vários habitats e criaturas diferentes de varias partes do mundo.






Mas o astro principal é sem duvida o colossal Tubarão-Baleia, que habita o maior tanque do aquário junto com várias outras criaturas marinhas.



O tanque principal ao fundo.




A foto não mostra muito bem, mas aquele caranguejo maior é quase da altura de uma pessoa.




Após a visita ao aquário, resolvi passar por dotonbori, onde se encontra o famoso caranguejo mecânico.
Lá por perto também fica amerika-mura, um bairro com sua própria estátua da liberdade em miniatura.
Já escurecendo, voltei para a estação de Osaka. Peguei minha bagagem do locker e tomei o trem para Ashiya, onde meu amigo Fábio Goto me forneceu abrigo durante minha visita a Kansai. (Valeu Fábio! :)

Tirei varias outras fotos. Para evitar redundância, colocarei um link de acesso para o álbum do picassa:



[The album above has all the pictures I took during my visit to Osaka]


quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Sobre ônibus noturnos.

Como eu havia prometido vou falar um pouco sobre os ônibus noturnos.
Mas antes preciso colocar uma foto de um dos templos de Nikko que eu acabei esquecendo de incluir no post anterior.



Não poderia deixar os famosos e sábios macaquinhos ( "não vejo, não ouço e não falo nenhum mal") de fora do relato. :)

Voltando ao tópico; tive uma boa experiência com os ônibus noturnos no Japão em minha recente visita à região de Kansai.
Escolhi o ônibus noturno ao invés do Shinkansen pela enorme diferença de preço entre os dois; sendo o primeiro consideravelmente mais barato enquanto que o segundo ganha pela rapidez.
Mas mesmo essa vantagem de velocidade poderia ser ignorada, pensava eu, pois passaria a maior parte da longa viagem em meus próprios sonhos e não em uma apertada poltrona de trem.
O plano talvez desse certo se não fossem por 3 fatores:
1- A apertada poltrona do Onibus.
2- O barulho do motor e o balançar da carroceria.
3- As constantes pausas durante a viagem.

Na viagem de ida para Kansai eu tive a sorte de não ter ninguém na poltrona ao meu lado, de modo que não tive tantos problemas nesse ponto.
O barulho e o balançar foram coisas que atrapalharam bastante. É um tanto difícil pegar no sono quando se esta dentro de um híbrido entre uma britadeira e uma máquina de lavar roupas.
Ok... não era tão mal assim. Mas a situação me pegou de surpresa, o que me fez comprar um tapa-ouvidos para a viagem de volta.

A viagem até Osaka durou cerca de 7 horas. Uma hora a menos do que havia lido na página da empresa. O ônibus deve ter parado cerca de 3 vezes em todo o trajeto para que os passageiros esticassem as pernas, fossem ao banheiro ou lançassem algumas moedas nas "Vending Machines" mais próximas.
O ponto é que um vai-e-vem constante no corredor do ônibus, bem como o frequente acender e apagar de luzes, não compõem o ambiente mais propício para desenvolver o sono até o estágio REM.

Mas no final tudo deu certo, e creio que possa fornecer algumas dicas para os interessados em viajar de ônibus noturno:

1-Compre pela internet:
Por alguma razão obscura comprar pela Internet sai mais barato do que pela loja. A empresa com a qual eu fui para Osaka chama-se BusDe-Tabi. Fiz a compra no site, imprimi o boleto e paguei na Loja de Conveniências que havia escolhido.

2-Não confie muito nos horários. Chegue pelo menos meia hora antes.
Mesmo sendo no Japão, os horários dos ônibus estão longe de serem tão precisos quanto os dos trems e metrôs.
Meu ônibus para Osaka atrasou vários minutos na saída e chegou uma hora antes. No site da empresa que usei para voltar para Tokyo o onibus deveria sair as oito da noite, os motoristas achavam que era as sete e meia e no final das contas a partida aconteceu as oito e quinze.

3-Leve algo para se cobrir.
Algo para se cobrir durante a viagem é uma boa ideia se for inverno e duplamente importante se você pegar a poltrona da janela.
Isso por que o ar preso entre a cortina e o vidro perde calor para o exterior mais frio. Mais pesado pelo aumento de densidade esse ar congelante abre caminho pelas frestas do tecido e vem repousar sobre toda a lateral do corpo que, se estiver descoberta, pode se tornar um fardo pesado para a outra metade carregar no fim da viagem.

4-Leve as informações impressas.
Facilita muito na hora de se perguntar onde fica o tal lugar de encontro e em se obter informações a respeito da viagem.

Provavelmente há mais coisas, mas no momento isso é tudo o que me vem a mente. Se me recordar de algo importante tomarei a liberdade de editar esse tópico no futuro para que a informação fique em um só local.

Talvez seja uma boa ideia levar algo para ler. Como resolvi aproveitar o embalo e visitar Hiroshima, minha viagem de volta para Tokyo levou cerca de 12 horas. Embora não pudesse ler nada enquanto o ônibus estava em movimento ( e nem dormir direito, diga-se de passagem), os 15 minutos de pausa durante as paradas são uma boa oportunidade para se ler algo leve.

Tenho muitas fotos da viagem para postar aqui. Assim que terminar de coloca-las na Internet eu as trarei para cá.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Nikko

Como eu havia dito no post passado eu fui até Nikko nessa segunda-feira. O método mais em conta foi comprar o "World Heritage Pass" que permite ir e voltar, usar os ônibus da linha Tobu na área e também tem incluso visitas a 3 dos principais templos do lugar.



Visto que a passagem de não sai por menos de 1400 ienes e a visita ao Templo de Tokugawa Ieyasu custa em torno de 1200, o passe acaba sendo um ótimo negócio. Aliás, um ponto positivo de comprar esses passes, que são como mini pacotes turísticos, é a facilidade de se obter informações. Mesmo que fosse mais barato pagar cada parte em separado, seria uma verdadeira odisséia descobrir todos os detalhes do caminho. Com o passe, nove vezes em dez tudo o que precisamos fazer é mostrar o bilhete para algum funcionario e ele prontamente nos indica que direção tomar. Obviamente, nem tudo sai como o esperado. De acordo com as informações dos sites, sai um trem a cada meia hora a partir das 7:30. Como o ponto de venda só abre as 8:00, planejamos pegar o trem das 8:30 sem nenhuma correria. Chegando lá fomos direto para o balcão de informações. O ponto de venda dos passes fica do lado de fora da estação, seguindo a calcada por cerca de cem metros. Com os passes em mãos, ainda 8:15, nos dirigimos às catracas em passo lento, só para descobrir que um trem acabara de sair as 8:10, e o próximo só sairia as 9:10. Resumo da opera; nunca confie em apenas uma fonte de informação. Aqueles que não haviam tomado café da manhã resolveram comer algo no Macdonalds mais próximo.

Faltando dez minutos para o próximo trem, nos dirigimos para a estação. E aqui vai um ponto importante; para ir diretamente para Nikko, é essencial entrar no vagão no qual esta escrito "Tobu-Nikko", como pode-se ver na foto:


Ele se separa do resto do trem, sendo que a outra parte faz uma parada em Shimo-Aichi.

Vou colocar algumas fotos tiradas em Nikko, com os pontos que achei mais interessantes.


Montanhas com neve!
Primeira vez que vejo ao vivo. Bom, eu avistei algumas montanhas nevadas enquanto sobrevoava o Alasca. Mas hão de convir que não eh a mesma coisa. :)




Neve!

Bem pouca, e um tanto suja... mas ainda assim neve!



Não estava tão frio quanto eu imaginei que estaria, mas ainda assim havia gelo escorando os canais de agua ao longo das vias que dão acesso ao templo









A quantidade de detalhes em cada construção eh incrível.

A atracão mais famosa do lugar eh a tumba de Tokugawa Ieyasu. E para visita-la eh preciso pagar um extra de 520 ienes.
O que? O World Heritage Pass já inclui essa visita?
Não, não... você não leu bem as entrelinhas. O passe cobre a visita ao templo, que fica na base do monte no qual se encontra a tumba. Para chegar a tumba, eh preciso passar pelo famoso Nemuri-Neko - algo como "gato dorminhoco".



Um tanto decepcionante. E aparentemente, de acordo com uma placa mal posicionada, havia uma taxa extra para passar pelo portal e ir para a tumba em si.

Fiz questão de ignorar o aviso.

Não paguei 520 ienes para ver um gato de mentira que eu mesmo poderia ter feito. Após o gato existe um longo caminho de pedras entre as arvores.



Que se desenvolve em uma série de escadas que nos levam cada vez mais alto montanha a dentro.


A tumba em si eh bem austera, nada das cores vivas e formas mirabolantes dos templos abaixo.
Um local de descanso bem apropriado.


Descendo novamente em direção aos templos, visitamos mais algumas construções.





Almoçamos tarde em um restaurante da cidade e seguimos em direção ao ponto de ônibus para voltar para a estação. Havíamos planejado uma visita a uma Onsen, mas o ultimo trem de volta para Tokyo saia as 18:55 (bem antes do que havíamos lido no site), de modo que não havia tempo suficiente para tal. No caminho, passamos pela Ponte Shinkyō, que pela direção da qual estávamos vindo parecia comicamente cruzar o rio em direção a nada além de uma inexpugnável parede de rocha sólida.



Na verdade há uma pequena passagem lateral que da para Futarasan Jinja.


Uma última foto em Nikko antes de voltarmos para Tokyo.