Há alguns dias foi época de eleições aqui e comparando com o que freqüentemente se presencia em Campinas a diferença do processo de campanha e' gritante. O processo todo e' totalmente controlado. Aparentemente os candidatos tem direito a um carro de campanha e a um numero limitado de posters e outros materiais impressos.
Os cartazes são fixados em quadros oficiais em determinados pontos da cidade, evitando a vergonhosa depredação de patrimônio publico que geralmente ocorre na época de eleições no Brasil.
Nada de centenas de cartazes colados a esmo em postes, paredes, vitrines e portas. Evita-se também as toneladas de papel de campanha indo, literalmente, pelo ralo. O pessoal monta os quadros, os candidatos compram um dos quadrados pelo numero, usam o carro de campanha para chamar atenção e fazem sua campanha pessoal nas vizinhanças . No final do processo basta retirar os cartazes e a cidade esta limpa como sempre. Pelo menos e' assim que funcionou aqui por perto.
Ah! E quase não se vê propaganda eleitoral na TV... O que por si só já e' uma benção. :)
Fui visitar Harajuku aqui em Tokyo esses dias e me lembrei de um post no Blog de meu amigo Aristóteles que esta na Franca: "Artistas de rua que valem a pena!" Aproveitei meu recém comprado cartão de memoria e filmei alguns segundos da apresentação:
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Mas nem sempre entretenimento é o principal resultado dessas exposições artísticas. Citando um exemplo recente; No primeiro dia de aula desse semestre Waseda já estava fervilhando de gente, especialmente devido aos novos alunos. Um problema com esse cenário é a dificuldade de se encontrar um local sossegado para almoçar. Cadeiras e mesas ocupadas por todo o campus, filas para o microondas, filas para os banheiros... um pandemonio. Após boa parte do meu horário de almoço ter sido consumida em minha busca por tranquilidade, eis que me deparo com um lugar ideal. Um canto amplo, no segundo andar, em frente as salas de aula e com uma fileira longa de bancos vagos. O local estava vazio, exceto por um sujeito sentado no centro remexendo em sua mochila. "Ok... qual é a pegadinha?" pensei. Me ajeitei em um dos bancos e comecei a abrir o meu almoço quando o sujeito sentado no chão dá um salto súbito para trás, em uma cambalhota um tanto desajeitada. Pude ouvir meu subconsciente dizendo em tom sarcástico: "Haha.. eu bem que te avisei!" Após mais algumas piruetas e giros pude deduzir que ele deveria:
a) Estar praticando para alguma apresentação de "breake"...e de fato ele precisava do treino. b) Desenvolvendo uma versão solo de Capoeira... talvez algo equivalente ao boxeador que treina com a própria sombra. No caso a sombra dele parecia estar ganhando a briga com larga vantagem.
A situação era desconfortável... percebi o porque de não haver ninguém ali além dele, e tive minhas suspeitas confirmadas quando um grupo de estudantes se retirou após presenciar algumas acrobacias do artista.
Eu por minha vez estava satisfeito. Sim... a performance do rapaz era embaraçosa, mas funcionava como um "agente anti-multidão"; bem ao estilo "peixe-das-anémonas". Além do que, ignorar uma pessoa é muito mais fácil do que ignorar uma turba de vikings famintos.
P.S: Para quem leu o post do Aristóteles e esta imaginando a que flautistas peruanos ele se refere, aqui vai outro vídeo, que gravei em Shinjuku: ___
Com a chegada da primavera, as famosas "sakura"- ou cerejeiras - colorem o Japão de um rosa quase alvo. O evento mais esperado da época e' o "hanami"; que consiste em passar o dia na companhia da família ou amigos, saboreando boa comida e bebida sob as sombras tênues das muitas árvores espalhadas pela cidade. Passei por Waseda para ver como estão as cerejeiras agora no começo de Abril, e a rua em frente a biblioteca principal estava muito bonita:
Com o mais leve toque do vento, milhares de pétalas se desprendem dos escuros ramos das cerejeiras, ao ponto de cobrir o caminho com um tapete de flores em alguns lugares.
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Mas em Tokyo, os melhores pontos para se aproveitar o hanami são os parques. E dentre os muitos parques, o mais importante parece ser em Ueno:
Em geral, as pessoas se reúnem sob as árvores e se acomodam sobre toldos azuis estendidos no chão. Não creio que o toldo azul seja parte da tradição mas em todas as fotos que vi, e durante todo o meu passeio, eram sempre toldos azuis por toda a parte.
Em Ueno existe também um lago no qual pode-se passear de barco, e em torno do qual há centenas de árvores sakura plantadas:
Mas sempre que vejo as cerejeiras me lembro dos multi-coloridos Ipês que temos no Brasil.
As fotos dos Ipês eu peguei na Wikipedia e as duas ultimas foram tiradas na Unicamp. :)